Foto: Josenildo Gomes/CTTU
Documento desenvolvido pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Vital Strategies e CTTU foi apresentado nesta quinta-feira (7), no Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), realizado em Florianópolis (SC).
O Recife foi objeto de uma pesquisa apresentada nesta quinta-feira (7), no 38º Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes (Anpet), realizado em Florianópolis (SC). Ao analisar os dados de sinistros de trânsito com vítimas antes e depois da implantação de redesenhos urbanos da capital pernambucana, foi concluído que essas intervenções foram responsáveis por reduzir, em média, 37,7% o índice dessas ocorrências. O trabalho foi desenvolvido por especialistas da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pela Vital Strategies, parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), com apoio da CTTU.
Ao todo, foram analisadas 13 áreas nas diversas zonas da cidade. Locais como a Praça General Carlos Pinto, em Santo Amaro, área central, que chegou a reduzir em 50% o número de sinistros; e em Setúbal, na Zona Sul, onde a intervenção chegou a reduzir em 58% o número de sinistros com vítimas. Em média, o índice de ocorrências reduziu em 37,7% o número de sinistros com vítimas nas áreas contempladas.
"A CTTU vem fortalecendo as equipes de gestão de dados e a sua integração com as diversas áreas, o que só faz aumentar a segurança viária. No caso da engenharia de trânsito, conseguimos ter ações mais certeiras em locais com grande índice de sinistros para reduzir as mortes e os ferimentos e aumentar os impactos das ações", destaca a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
"A metodologia adotada nesta análise buscou isolar o efeito da intervenção e avaliar sua significância estatística. Portanto, os resultados mostram que há evidências estatísticas suficientes de que a implantação do urbanismo tático reduziu os sinistros com vítimas lesionadas", destacou Caio Torres, doutor em engenharia de transportes pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenador do projeto.
Além da observação dos dados de sinistros de trânsito nesta pesquisa, a CTTU também faz análises contínuas sobre o comportamento dos condutores no Recife para reduzir os sinistros de trânsito a partir dos seus fatores de risco. Em pesquisas observacionais realizadas na cidade, destaca-se que 35% dos usuários de motocicletas transitam acima dos limites de velocidade. Já entre os veículos leves (carros comuns), 21% dos usuários excedem os limites de velocidade. A partir dessas informações, a CTTU realiza intervenções de engenharia, fiscalização, educação e comunicação.
Em intervenções como a de Jardim Monte Verde, no Ibura, houve uma redução de 50% dos veículos excedendo a velocidade de 30km/h na ladeira. Antes: 47% dos veículos trafegavam acima de 30km/h. Depois, 23,4%. Antes da intervenção, 92,7% das pessoas estavam se locomovendo pelo leito viário. Depois houve uma redução de 98% e não foram observadas mais crianças andando na via. Já na Rua Othon Paraíso, no bairro do Torreão, 79,6% dos veículos excediam a velocidade de 30 km/h antes do projeto. Depois, esse número caiu para 22,3%, decréscimo de 72%o. Sendo assim, as equipes de gestão de dados identificam as informações de sinistros e os fatores de risco para diminuir.
Ao todo, já são 50 áreas de urbanismo tático desenvolvidas no Recife, muitas delas já se tornaram permanentes, como é o caso do Rosarinho, da Rua do Hospício, da Avenida Conde da Boa Vista e da Avenida Governador Agamenon Magalhães. Os números demonstram não apenas a redução de sinistros, mas também a redução de fatores de risco, como os de pessoas andando no leito viário. No Largo Dom Luiz, na Zona Norte do Recife, 43% dos pedestres andavam no leito viário antes da intervenção, depois, esse número reduziu para 0,6%. Além disso, a distância entre as travessias diminuiu 60%. Antes, os pedestres precisavam andar 26 metros; agora, apenas 11 metros. Já na Rua da Palma, na área central, houve uma redução de 75% dos pedestres caminhando no leito viário. Agora, não há mais crianças sendo carregadas ou andando no leito viário. Antes, 9,6% das crianças andavam ou eram carregadas no leito viário.