Recife comemora conclusão de 83% das rotas previstas no Plano Diretor Cicloviário

02.02.23 - 14H42
Recife comemora conclusão de 83% das rotas previstas no Plano Diretor Cicloviário

Samuel Caetano/CTTU

Desde a pactuação do documento entre sociedade civil, prefeituras da Região Metropolitana e Governo do Estado, capital foi o município que mais avançou no cumprimento do PDC


Neste sábado (4), o Plano Diretor Cicloviário da Região Metropolitana do Recife (PDC) completará nove anos desde que foi pactuado, em 2014, entre a sociedade civil, as prefeituras da Região Metropolitana e o Governo do Estado. Entre as gestões envolvidas no PDC, a Prefeitura do Recife foi a que mais avançou. Ao todo, o Recife já tem 83,3% das rotas pactuadas no plano cumpridas - a meta é que 100% sejam feitas até o final de 2024. As rotas trazem características como a conectividade, o acesso aos principais pontos de interesse e a intermodalidade. É importante lembrar que, ao longo desses anos, toda a política de segurança viária se expandiu e garantiu mais qualidade de vida para todas as pessoas no trânsito. As ações levaram a uma redução de 42% nos sinistros de trânsito entre 2017 e 2021, de acordo com o Relatório de Segurança Viária do Recife, produzido pela CTTU em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.

Na área do Recife, o Plano Diretor Cicloviário prevê rotas complementares e metropolitanas. As complementares têm o objetivo de fazer a ligação entre os bairros do Recife como, por exemplo, a da Rua do Futuro, que interliga os bairros da Jaqueira e do Rosarinho, além da Ciclofaixa Amélia, que interliga os bairros da Torre e das Graças. Outras rotas como as da Avenida Arquiteto Luiz Nunes, na Zona Oeste, e a Ciclofaixa Antônio Falcão, na Zona Sul, também são rotas complementares atendidas pela Prefeitura do Recife e pactuadas no Plano Diretor Cicloviário. Ao todo, o Recife conta, hoje, com 174 km de rotas cicláveis, sendo 148,6 vindas do PDC e 169 km interligados entre si. Até o final de 2024, mais 29,6 km do PDC serão cumpridos, além de outros projetos idealizados pela gestão de trânsito.

No território da capital pernambucana passam, também, algumas rotas metropolitanas, de competência do Governo do Estado. Essas rotas têm o objetivo de interligar as cidades da RMR, é o caso do Eixo Cicloviário Camilo Simões, que vem desde o bairro do Varadouro, no centro histórico de Olinda, passando pelo bairro de Salgadinho para acessar a Avenida Governador Agamenon Magalhães, próximo ao Classic Hall, e segue até o centro do Recife. Ao todo, já são 25 km de rotas metropolitanas realizadas e 45 km a serem entregues pelo Governo do Estado no território da cidade. A Avenida Governador Agamenon Magalhães, que liga o Centro, a Zona Norte e a Zona Sul, é prevista como uma rota metropolitana, entretanto, devido ao protagonismo da mobilidade ativa e da importância da via, que é o principal corredor viário da cidade, a Prefeitura do Recife iniciou a implantação do projeto, que será concluído em 2023.

“O Plano Diretor Cicloviário foi um marco em toda a Região Metropolitana e, principalmente no Recife, que se torna uma cidade cada vez mais ciclável com o passar dos anos. Nós acreditamos na mobilidade sustentável e trazemos como meta que o trânsito deve ser focado nas pessoas, não nos veículos e, por isso, estamos tendo ganhos para todas as pessoas – com mais rotas cicláveis e mais ciclistas nas ruas, a segurança viária aumentou e estamos gradualmente reduzindo o número de sinistros com mortes e trazemos mais qualidade de vida para o recifense, possibilitando mais um meio de transporte”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.

Desde 2014, o Recife aumentou em 620% a sua malha cicloviária. Até 2013, havia 24 km na cidade. A meta, hoje, além da expansão, é de conectividade entre as rotas para que as pessoas se sintam mais seguras ao pedalar. “Analisamos que, ao longo desses quase 10 anos, a bicicleta deixou de ser um item de lazer e passou a fazer parte da rotina do recifense. Além disso, é importante destacar que, para a população mais pobre, a bicicleta sempre foi um dos principais meios de transportes e ampliar a malha cicloviária é essencial para legitimar os espaços dessas pessoas nas ruas”, destaca o gerente de projetos cicloviários do Recife, Antônio Henrique.

As Pesquisas de Origem e Destino realizadas pela Prefeitura do Recife ao longo dos anos indicam que a mobilidade ativa é mais presente na população de menor renda. Em 2021, a Pesquisa OD indicou que, entre os usuários de bicicleta, 54% têm renda de até um salário mínimo e 19% entre um e dois salários mínimos, um indicativo de que o investimento na segurança viária dos ciclistas é, também, evitar que pessoas mais pobres morram no trânsito.

Com o aumento da malha cicloviária ao longo da última década, o Recife se tornou referência para diversas cidades, tanto na Região Metropolitana, quanto a nível nacional. Cidades como Paulista, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Porto Alegre (RS) já realizaram intercâmbios com a capital pernambucana para troca de conhecimentos entre os municípios cujas gestões desejam ampliar a rede ciclável.

Outro fator que faz o Recife ser destaque na gestão da malha cicloviária entre a comunidade técnica é o nível de dificuldade encontrado no território, por não ter sido uma cidade planejada e que tem 67% de área de morro. “Para uma cidade como o Recife, é um grande desafio ampliar a rede cicloviária. É uma cidade historicamente planejada para o tráfego motorizado, com temperaturas elevadas e vastas áreas de morros. O que percebemos é uma gestão comprometida com essa transformação, construindo uma rede cicloviária que promove a igualdade territorial, aprimorando a qualidade de seus projetos e implementando estruturas bem protegidas e com conforto térmico, como é o caso da Avenida Beira Rio.”, destaca Gustavo Sales, coordenador local da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária, referência global em mobilidade urbana.

Além da CTTU na implantação de rotas cicláveis, a Prefeitura do Recife tem investido numa gestão sustentável para trazer mais conforto aos ciclistas. É o caso das ações para arborização da cidade. Até 2023, serão plantadas 1.200 árvores de grande porte nas grandes avenidas do Recife, o que garante mais conforto térmico, a iniciativa é da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS) e da Emlurb. Além disso, a PCR investiu na iluminação de LED, que garante mais segurança – tanto pública, quanto viária – aos ciclistas durante a noite. Ao todo, já são mais de 70 mil pontos de LED implantados no Recife.