Foto: Wagner Ramos/PCR
Blitz focada em motociclistas - principais vítimas fatais - foi realizada na manhã desta segunda-feira (18), quando também foi divulgado o novo Relatório Preliminar de Segurança Viária
Para sensibilizar a população quanto aos riscos no trânsito e honrar as vidas perdidas em sinistros, a Prefeitura do Recife, por meio da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), realizou, na manhã desta segunda-feira (18), uma operação de fiscalização para celebrar o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito. Durante essa blitz, no Cais José Estelita, agentes de trânsito abordaram motociclistas, principais vítimas fatais do ano de 2023, segundo dados do Relatório Preliminar de Sinistros de Trânsito com Vítimas Fatais. De acordo com o estudo, 144 pessoas morreram em sinistros de trânsito no Recife durante o ano de 2023 - um aumento de 37% no número de vítimas fatais, sendo 50% dos registros ocorridos em rodovias e 15% em vias urbanas. A fiscalização desta segunda-feira contou com a entrega de material informativo com dados sobre o perfil das vítimas - uma ação foi feita em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS).
O Relatório Preliminar de Sinistros de Trânsito com Vítimas Fatais mostrou um aumento no número de mortes, parcialmente, devido à mudanças de metodologia na contagem do Comitê Municipal de Acidentes de Trânsito (Compat), que se tornou ainda mais detalhada a partir deste ano. “Em primeiro lugar, lamentamos pela perda dessas vidas e nos solidarizamos com os entes queridos dessas pessoas. Esse cenário revela o quanto é importante fortalecer as políticas públicas para a segurança viária. As ações de educação para o trânsito e fiscalização já foram intensificadas neste ano e a necessidade da mudança de comportamentos de todos é fundamental para que possamos ter um trânsito mais seguro”, destaca a presidente da CTTU, Taciana Ferreira
O perfil das vítimas fatais de trânsito no Recife é de 80% homens, 48% entre 20 e 39 anos e 48% motociclistas, sendo 42% dessas mortes provocadas no período da noite e madrugada, apesar do menor fluxo de veículos. "Estamos tendo uma inversão nas vítimas fatais do Recife, desde 2022, os motociclistas ocupam esse lugar, que antes era dos pedestres. Temos visto isso caminhar junto ao aumento do desrespeito aos limites de velocidade, comportamento observado em um terço dos motociclistas. Vias e horários onde não há grande fluxo de veículos podem soar como um convite à velocidade para alguns condutores, entretanto, esse é um erro que pode custar a vida das pessoas", destaca a coordenadora de vigilância de dados da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global, Amanda Conceição.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 90% dos condutores pensam que têm destreza acima da média e por isso, acreditam que podem dirigir acima do limite de velocidade e não se colocarem em risco. Entretanto, a velocidade do veículo afeta diretamente a distância de para que o condutor conseguirá frear. Se um veículo viaja a 80 km/h em uma estrada seca, por exemplo, são necessários cerca de 22 metros para reagir a um evento. Além disso, mais 57 metros até parar o veículo. Dessa forma, o motorista, provavelmente, mataria uma criança se a atropelasse na condução a 70 km/h. Velocidades mais altas também reduzem o campo visual e a visão periférica do motorista. A 50 km/h, o condutor tem um campo de visão que cobre menos da metade do que a 30 km/h, por isso, quanto maior a velocidade, menor a capacidade do condutor de detectar um perigo potencial na estrada.
No Recife, pesquisas observacionais realizadas pela Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS), em parceria com a Johns Hopkins University (JHU), dos EUA, identificaram que 1/3 dos motociclistas excedem a velocidade onde não há fiscalização eletrônica no Recife. Isso é preocupante porque esses condutores são as principais vítimas do trânsito na capital pernambucana. Por isso, a CTTU tem feito esforços contínuos como o aumento da fiscalização e das campanhas para mudança de comportamento, além do redesenho de vias, que adequa a velocidade dos condutores. Ao todo, já são mais de 50 áreas redesenhadas que chegaram a uma média diminuição em 37% nos sinistros de trânsito com vítimas.