Foto: Samuel Caetano/CTTU
Ao todo, serão até 300 ciclistas beneficiados nos períodos mais movimentados do dia Ciclofaixa Padre Lemos, que terá 1,5 km de extensão
Para dar mais segurança viária aos ciclistas e ampliar a conexão da malha cicloviária do Recife, a Prefeitura da Cidade, por meio da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), inicia, nesta sexta-feira (22), quando é comemorado o Dia Mundial Sem Carro, a implantação da Ciclofaixa Padre Lemos, no bairro de Casa Amarela. O projeto foi desenvolvido em parceria com a Iniciativa Global de Desenho de Cidades (GDCI), referência mundial em mobilidade urbana e parceira da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIGRS). A intervenção será concluída até o final de outubro e vai conectar com a Ciclofaixa Binário de Casa Amarela, compondo uma rede de 176,5 km interligados em todo o Recife. De acordo com as contagens realizadas pela CTTU, serão beneficiados, pelo menos, 300 ciclistas nos períodos mais movimentados do dia, o que é um número considerado alto.
O projeto contempla as seguintes vias: Rua Oscar de Barros, Rua Pedro Allain, Rua Padre Lemos, Rua Xavantes, Rua Eugênio Samico, Rua Paula Batista e a Praça do Trabalho. As estruturas serão divididas entre ciclofaixas bidirecional, unidirecional ou ciclorrota, a depender da estrutura da via.
Além da rota ciclável, no entorno da Praça do Trabalho, haverá um tratamento diferenciado para os pedestres com estruturas de desenho viário focadas na adequação de velocidade com, no máximo, 30 km/h, que é o recomendado pelas Nações Unidas para vias que têm grande número de pedestres. O excesso de velocidade exige mais tempo de reação para frear o veículo, o que pode variar entre um e quatro segundos. A distância total de parada também depende do tempo de reação, da superfície da via e do estado do veículo. Entretanto, a 30 km/h, o veículo conseguirá frear com, em média, 14 metros. Já a 50 km/h, o veículo vai frear após 42 metros percorridos. Por isso, um atropelamento a 50 km/h tem 80% de risco de morte, já o atropelamento a 30 km/h tem o risco de morte abaixo de 20%. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que alerta para o risco do excesso de velocidade como a principal causa de morte em países subdesenvolvidos.
O novo projeto vai fazer uso de urbanismo tático no entorno da Praça do Trabalho para adequar a velocidade dos veículos com técnicas como o alargamento de calçadas, estreitamento das faixas de rolamento, ampliação das faixas de pedestres para dar mais oportunidades de travessias. Ao todo, serão 20 novas faixas de pedestres, apenas no entorno da Praça do Trabalho. “Aumentar espaços de pedestres e ciclistas é uma atitude essencial para repensar os nossos espaços urbanos e trazer uma prioridade para essas pessoas que, historicamente, não tiveram lugar nas nossas ruas. Então a construção da nossa malha cicloviária, que tem sido feita de maneira mais intensa desde 2013, é um desafio e um posicionamento em prol de uma cidade que investe em abarcar, com segurança, todas as pessoas”, explica a presidente da CTTU, Taciana Ferreira.
MALHA CICLOVIÁRIA DO RECIFE - A política de mobilidade ativa do Recife segue o Plano Diretor Cicloviário (PDC), pactuado com entre governo e sociedade civil ainda em 2014, com previsão de término em 2024. Ao todo, o Recife conta, hoje, com 183 km de rotas cicláveis, todas de acordo com o PDC, e 178 km interligados entre si, totalizando 88,23% das rotas complementares, de responsabilidade da Prefeitura do Recife, cumpridas. Com o aumento da malha cicloviária ao longo da última década, o Recife se tornou referência para diversas cidades, tanto na Região Metropolitana, quanto em nível nacional. Cidades como Paulista, Jaboatão dos Guararapes (PE) e Porto Alegre (RS) já realizaram intercâmbios com a capital pernambucana para troca de conhecimentos entre os municípios cujas gestões desejam ampliar a rede ciclável.
Outro fator que faz o Recife ser destaque na gestão da malha cicloviária entre a comunidade técnica é o nível de dificuldade encontrado no território, por não ter sido uma cidade planejada e que tem 67% de área de morro. É importante lembrar que, ao longo desses anos, toda a política de segurança viária se expandiu e garantiu mais qualidade de vida para todas as pessoas no trânsito. As ações levaram a uma redução de 42% nos sinistros de trânsito entre 2017 e 2021, de acordo com o Relatório de Segurança Viária do Recife, produzido pela CTTU em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global.
Além da CTTU na implantação de rotas cicláveis, a Prefeitura do Recife tem investido numa gestão sustentável para trazer mais conforto aos ciclistas. É o caso das ações para arborização da cidade. Até 2023, serão plantadas 1.200 árvores de grande porte nas grandes avenidas do Recife, o que garante mais conforto térmico, a iniciativa é da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS). Além disso, a PCR investiu na iluminação de LED, que garante mais segurança – tanto pública, quanto viária – aos ciclistas durante a noite. Ao todo, já são mais de 106 mil pontos de LED implantados no Recife.